Tailândia anuncia que Camboja aceitou negociar sobre conflito na fronteira
O chanceler da Tailândia afirmou nesta segunda-feira (22) que o Camboja aceitou iniciar negociações sobre a disputa na fronteira ainda esta semana, após uma reunião regional celebrada na Malásia com o objetivo de acabar com os confrontos violentos entre os vizinhos do Sudeste Asiático.
Novos confrontos entre os dois países, iniciados este mês, deixaram pelo menos 23 mortos na Tailândia e 20 no Camboja. Além disso, mais de 900.000 pessoas foram deslocadas dos dois lados, segundo as autoridades.
O conflito tem origem em uma antiga disputa sobre a demarcação da fronteira de 800 km, estabelecida no período colonial, assim como em uma série de templos antigos situados ao longo da zona limítrofe.
O ministro das Relações Exteriores da Tailândia, Sihasak Phuangketkeow, anunciou a nova rodada de negociações bilaterais ao final de uma reunião com seus homólogos da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), da qual o Camboja também é membro.
Ele disse aos jornalistas em Kuala Lumpur que "a discussão acontecerá no âmbito do JBC, o Comitê Conjunto de Fronteiras, que já existe", na quarta-feira (24), data "proposta pela parte cambojana".
O Camboja não comentou o anúncio, mas o Ministério da Defesa do país denunciou mais cedo que os combates prosseguiam nesta segunda-feira e acusou a Tailândia de lançar projéteis de artilharia. Um civil de nacionalidade chinesa ficou ferido, segundo a pasta do Interior cambojana.
No atual contexto, Sihasak advertiu que a reunião desta semana pode não resultar em uma trégua imediata. "Nossa posição é que um cessar-fogo não se consegue com um anúncio, e sim com ações", afirmou.
O encontro desta segunda-feira foi convocado pela Malásia, que preside a Asean e que, no fim de outubro, recebeu uma reunião de cúpula na qual foi assinada uma declaração de trégua sob mediação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Sihasak, no entanto, considerou que a decisão de outubro foi precipitada. "Os Estados Unidos queriam que a declaração fosse assinada a tempo para a visita do presidente Trump. Às vezes, realmente precisamos sentar e discutir as coisas para que o que acordarmos se mantenha e seja, de fato, respeitado".
A declaração supervisionada por Trump tinha por objetivo prolongar a frágil trégua alcançada após cinco dias de confrontos em julho.
Cada lado culpou o outro de instigar os novos confrontos, alegando legítima defesa e com acusações de ataques contra civis.
Ao abrir o encontro da Asean nesta segunda-feira, o chanceler da Malásia, Mohamad Hasan, pediu aos países vizinhos em conflito que interrompam os combates e "considerem as ramificações mais amplas da escalada contínua da situação nas populações" que representam.
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H.Raes--JdB