Journal De Bruxelles - Venezuela repudia designação pelos EUA do 'inexistente' Cartel de los Soles como grupo terrorista

Venezuela repudia designação pelos EUA do 'inexistente' Cartel de los Soles como grupo terrorista
Venezuela repudia designação pelos EUA do 'inexistente' Cartel de los Soles como grupo terrorista / foto: Juan BARRETO - AFP/Arquivos

Venezuela repudia designação pelos EUA do 'inexistente' Cartel de los Soles como grupo terrorista

A Venezuela classificou, nesta segunda-feira (24), como "mentira ridícula" a designação por parte dos Estados Unidos do suposto Cartel de los Soles como uma organização terrorista à qual Washington vincula o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

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A designação foi anunciada em meio à mobilização militar iniciada em agosto pela administração do presidente americano, Donald Trump, no Caribe, e coincide com o anúncio da visita do chefe do Estado-Maior dos EUA, Dan Caine, a Trinidade e Tobago, na terça-feira, para conversar sobre o combate ao tráfico de drogas.

O governo dos Estados Unidos anunciou em 16 de novembro que classificaria o suposto grupo como uma organização terrorista estrangeira. A medida começou a valer nesta segunda-feira.

"A Venezuela rejeita de maneira categórica, firme e absoluta a nova e ridícula mentira do secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, Marco Rubio, que designa como organização terrorista o inexistente Cartel de los Soles", indicou a chancelaria em um comunicado.

"Ridículos, são uns ridículos. Eles se repetem, se repetem e se repetem e por isso vão de fracasso em fracasso", disse a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, durante um ato oficial. "Se eles de verdade quisessem combater o narcotráfico, teriam que ir para o Equador e buscar ali mesmo, na presidência da República, que tem a principal empresa de exportação de cocaína para o mundo", acrescentou.

Caracas afirma que a designação é uma "mentira infame e vil para justificar uma intervenção ilegítima e ilegal contra a Venezuela".

Rubio, chefe da diplomacia americana, afirma que o Cartel de los Soles é liderado por Maduro e outros funcionários de alto escalão "que corromperam o Exército, a inteligência, a legislatura e o Poder Judiciário da Venezuela".

"O Cartel de los Soles, junto com outras FTO (organizações terroristas) designadas, incluindo o 'Tren de Aragua' e o Cartel de Sinaloa, são responsáveis pela violência terrorista em todo o nosso hemisfério, assim como pelo tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa", declarou Rubio, ao anunciar a designação em meados de novembro.

Especialistas descartam a existência de uma organização formalmente estabelecida e falam em redes de corrupção permissivas com atividades ilícitas.

- "Todos os dias inventam" -

Os Estados Unidos incluem nessa lista grupos islamistas, separatistas, guerrilhas e, mais recentemente, gangues e organizações de drogas do México e da Colômbia.

"Todos os dias inventam uma besteira diferente, uma coisa mais extravagante que a outra, todos os dias, para apontar para a Venezuela e com isso justificar o que eles querem", disse nesta segunda-feira, em uma coletiva de imprensa, o ministro do Interior, Diosdado Cabello, sem mencionar a nova medida de Washington.

Cabello anunciou uma grande mobilização para a terça-feira pela "soberania" e a "independência", e assegurou que o país se mantém em "resistência ativa prolongada".

Especialistas consideram que a declaração abre para Washington um leque de possibilidades, tanto militares quanto de sanções, para continuar exercendo pressão sobre Maduro.

Os Estados Unidos defendem a mobilização militar com o argumento de deter o tráfico de drogas para esse país e no último mês realizou exercícios militares conjuntos com Trinidade e Tobago.

 

Forças americanas mataram pelo menos 83 pessoas que Washington acusa de transportar drogas em águas do Caribe e do Pacífico, segundo um levantamento da AFP com base em dados públicos.

O governo venezuelano classifica os bombardeios a embarcações como "execuções extrajudiciais". Os Estados Unidos não forneceram evidências de que as pessoas atacadas fossem de fato narcotraficantes.

No fim de semana, seis companhias aéreas cancelaram suas conexões com a Venezuela após a advertência dos Estados Unidos à aviação civil sobre um "aumento da atividade militar na Venezuela e arredores".

E.Carlier--JdB