

Fotógrafo de AFP fica ferido em ataque de colonos israelenses na Cisjordânia
Um fotógrafo da Agence France-Presse (AFP) ficou ferido nesta sexta-feira (10) em um ataque de colonos israelenses na Cisjordânia enquanto cobria a colheita de azeitonas em uma localidade deste território palestino ocupado.
"Em trinta anos de carreira, é a primeira vez que enfrento uma violência deste tipo", declarou Jaafar Ashtiyeh, fotógrafo palestino baseado em Nablus, no norte da Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967.
"Se eu não tivesse conseguido escapar, teriam me matado", acrescentou.
Ashtiyeh contou que estava registrando a colheita de azeitonas em Beita, um povoado palestino ao sul de Nablus, e uma mobilização de solidariedade de ativistas israelenses e estrangeiros pela paz que vieram para apoiar os moradores palestinos que sofreram ataques reiterados durante a colheita.
O fotógrafo afirmou que, pouco depois do meio-dia (6h em Brasília), dois grupos de colonos israelenses armados com paus e pedras, cerca de 70 pessoas no total, atacaram os trabalhadores agrícolas e os jornalistas presentes, indicou Ashtiyeh.
O fotógrafo, que foi atingido por várias pedras nas costas, nos braços e nas mãos, recebeu alta do hospital pela tarde com contusões.
Seu carro, bem como outros veículos estacionados a certa distância do campo, foi apedrejado e depois incendiado pelos agressores.
Ashtiyeh contou que os soldados israelenses presentes não fizeram nada para impedir o avanço dos agressores, mas que, pelo contrário, lançaram bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha contra os trabalhadores agrícolas e os ativistas para dispersá-los.
Mehdi Lebouachera, editor-chefe global da AFP, condenou o ataque.
"Condenamos com firmeza este ataque escandaloso que ilustra mais uma vez condições de trabalho cada vez mais perigosas para nossos jornalistas na Cisjordânia", declarou Lebouachera.
"Instamos o Exército israelense a que não somente garanta a segurança dos jornalistas no exercício de suas atividades, mas que também se garanta que os responsáveis pela violência sejam levados à justiça", acrescentou.
O Exército israelense foi procurado pela AFP para dar sua versão do incidente e, por volta de 20h15 (14h15 em Brasília), ainda não havia respondido.
O Ministério da Saúde da Autoridade Palestina informou que os ataques dos colonos desta sexta-feira deixaram 36 feridos em Beita e outros vilarejos próximos, a maioria deles com ferimentos leves ou menores, com exceção de duas pessoas que foram atingidas por disparos.
A violência na Cisjordânia aumentou desde o início da guerra em Gaza, desencadeada após o ataque em Israel do movimento islamista palestino Hamas de 7 de outubro de 2023.
Israel anunciou nesta sexta-feira a entrada em vigor de um cessar-fogo em Gaza após um acordo com o Hamas que, além disso, permitirá a devolução dos reféns israelenses em cativeiro desde 7 de outubro em troca da libertação de presos palestinos.
G.Lenaerts --JdB