Journal De Bruxelles - Rússia adverte Ocidente enquanto Ucrânia recebe primeiro sistema Patriot

Rússia adverte Ocidente enquanto Ucrânia recebe primeiro sistema Patriot
Rússia adverte Ocidente enquanto Ucrânia recebe primeiro sistema Patriot / foto: CHARLY TRIBALLEAU - AFP

Rússia adverte Ocidente enquanto Ucrânia recebe primeiro sistema Patriot

A Rússia advertiu, neste sábado (27), os países da Otan que consideram agir com maior firmeza diante de supostas incursões russas, enquanto a Ucrânia informou ter recebido, pela primeira vez, um sistema antiaéreo Patriot americano para fortalecer suas defesas.

Tamanho do texto:

Diversos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmam que aviões de combate e drones russos violaram seus espaços aéreos na Europa nas últimas semanas, e acusam Moscou de estar testando a aliança.

"A Rússia foi praticamente acusada de planejar um ataque contra países da Otan e a União Europeia", declarou o ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov, em discurso na Assembleia Geral da ONU.

"A Rússia não tem, e nunca teve, nenhuma dessas intenções. Mas qualquer agressão contra o meu país desencadeará uma resposta decisiva", acrescentou.

Mais tarde, em declarações a jornalistas, Lavrov disse que, se algum país derrubar objetos no espaço aéreo russo, "vão se arrepender muito".

A Otan, que considera o ataque a um aliado como um ataque a todos, tem considerado a possibilidade de derrubar aeronaves russas, o que seria uma forte escalada das tensões.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou seu apoio à derrubada de aviões russos.

Questionado na terça-feira se acreditava que os países da Otan deveriam derrubar qualquer aeronave russa por violação de espaço aéreo, Trump respondeu: "Sim, acredito".

Trump se gabou de seus laços estreitos com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o convidou para conversas no Alasca no mês passado, pondo fim ao ostracismo imposto pelo Ocidente desde que o líder russo ordenou a invasão da Ucrânia em 2022.

No entanto, o presidente dos Estados Unidos expressou recentemente frustração com Putin. Na ONU, na terça-feira, Trump chegou a sugerir que a Ucrânia poderia não apenas recuperar todo o território que perdeu militarmente para a Rússia, mas "poderia inclusive ir além".

Neste sábado, Lavrov fez questão de elogiar Trump, que ainda não aplicou as novas sanções econômicas que há muito tempo ameaça impor à Rússia.

"No atual governo americano, vemos um desejo não apenas de contribuir para soluções realistas para a crise ucraniana, mas também de desenvolver uma cooperação pragmática sem assumir uma postura ideológica", disse Lavrov.

- Israel oferece apoio -

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky anunciou neste sábado que, pela primeira vez, recebeu de Israel um sistema americano de mísseis Patriot para defesa antiaérea.

"O sistema [Patriot] israelense está operando na Ucrânia. Esteve operando por um mês. Receberemos dois sistemas Patriot no outono [no hemisfério norte]", acrescentou Zelensky em declarações à imprensa, depois de participar da cúpula da ONU, às margens da qual se reuniu com Trump.

Kiev tenta reforçar sua defesa aérea e repelir os ataques diários de drones e mísseis russos antes do inverno europeu, pois a infraestrutura de calefação é um alvo frequente.

Israel, apesar de sua relação próxima com os Estados Unidos, tem tentado permanecer à margem do conflito entre Rússia e Ucrânia, enquanto busca manter relações cordiais com Moscou, em parte por sua influência histórica na vizinha Síria.

Contudo, o papel da Rússia nesse país árabe foi reduzido desde que combatentes liderados por islamistas derrubaram o governo do ex-presidente Bashar al Assad em dezembro.

Israel afirma que não vai compartilhar com a Ucrânia seu moderno sistema Domo de Ferro, construído com apoio americano e crucial na defesa antiaérea.

- Lentos avanços -

Sem conseguir se apoderar rapidamente da Ucrânia em 2022, a Rússia vem avançando no leste do país em batalhas com alto custo.

Neste sábado, afirmou ter capturado três localidades. A Ucrânia disse que os ataques russos durante a noite deixaram um morto e 12 feridos na região administrativa de Kherson (sudeste).

À medida que aumentam as tensões entre a Rússia e os países europeus, a usina nuclear de Zaporizhzhia — a maior da Europa — permaneceu desconectada por quatro dias seguidos.

Trata-se do apagão mais longo nessa central nuclear desde que a Rússia invadiu e se apoderou do local.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, culpou a Rússia na rede social X. Por sua vez, a operadora da usina, sediada na Rússia, culpou os ataques ucranianos.

O.Leclercq--JdB