

Extraordinária coleção de música latina escondida nas montanhas de Madri
Uma bela casa de pedra nas montanhas de Madri é o refúgio da coleção de música latina de Gladys Palmera, um arquivo pessoal único no mundo, com 65.000 discos de vinil e ardósia, 30.000 CDs, fotos, pôsteres, partituras e até copos e fósforos de clubes lendários.
Gladys Palmera é o pseudônimo radiofônico da filântropa Alejandra Fierro Eleta, 65 anos, filha de um espanhol e uma panamenha, e sobrinha de Carlos Eleta, o compositor do bolero "Historia de un amor", o gênero pelo qual ela é mais apaixonada e que despertou seu amor por essa música.
Fierro -que se recusa a dar entrevistas, segundo seu colaborador José Artega-, adotou este pseudônimo quando seu pai lhe pediu para não usar seu nome para estas atividades, como a criação, em 1998, em Barcelona, da primeira estação de rádio de música latina na Espanha, a partir da qual ela construiu sua coleção, inicialmente em CDs.
- As divas antes da Shakira -
A coleção, que não está aberta ao público, pode ser apreciada na Rádio Gladys Palmera que exibe seus discos sem descanso no site www.gladyspalmera.com.
No entanto, a primeira grande exposição com fundos da coleção, intitulada 'Latina', acaba de ser inaugurada na Casa de América, em Madri, e é dedicada às divas que precederam Shakira, Karol G. e Rosalía, mulheres como Carmen Miranda, Lupe Vélez, Dolores del Río, Rita Montaner, María Félix, Ninón Sevilla, Yma Sumac, Celia Cruz e Chavela Vargas, entre muitas outras.
- O futuro da coleção -
O disco mais antigo é de 1899, um single com a música 'Cuba Libre' executada por uma banda militar mexicana, e há curiosidades não relacionadas à música, como um single do histórico líder cubano Fidel Castro lendo uma carta de Che Guevara.
A coleção visa abranger todo o fenômeno da música latina e acaba de adquirir a coleção do designer gráfico Izzy Sanabria, autor de capas históricas de salsa.
O futuro desse arquivo está agora sendo discutido, explica Arteaga, sem revelar mais detalhes, antes de listar os prós e contras de possíveis destinos.
"A América Latina tem a seu favor o fato de que seria como devolver todo esse legado às suas origens, e contra ela está a impossibilidade econômica", diz ele.
A Espanha, onde a população latino-americana cresceu exponencialmente nas últimas décadas, "tem a seu favor o fato de a coleta estar aqui", mas "sempre há muita burocracia" que "atrasa muito as coisas".
Os Estados Unidos "têm a seu favor o poder aquisitivo e obviamente instituições de muitíssimo respeito", mas o clima político atual não favorece.
"Finalmente, a França, que tem toda a intenção e, digamos, é o cenário maravilhoso e perfeito para recebê-la, mas esta é, acima de tudo, uma coleção que fala em espanhol", diz Arteaga.
K.Laurent--JdB