Journal De Bruxelles - Suspeitos de narcotráfico enviados aos EUA seguiam operando da prisão, diz governo mexicano

Suspeitos de narcotráfico enviados aos EUA seguiam operando da prisão, diz governo mexicano
Suspeitos de narcotráfico enviados aos EUA seguiam operando da prisão, diz governo mexicano / foto: Handourt - Mexico's Secretary of Security and Civil Protection (SSPC)/AFP

Suspeitos de narcotráfico enviados aos EUA seguiam operando da prisão, diz governo mexicano

O governo mexicano justificou, nesta quarta-feira (13), o envio de 26 suspeitos de narcotráfico presos no México para os Estados Unidos como uma medida de segurança nacional, apontando que essas pessoas continuavam cometendo crimes dentro da prisão e tentavam conseguir sua liberdade por meios escusos.

Tamanho do texto:

Os chefes do tráfico apontados foram enviados na terça-feira para vários presídios americanos. Entre eles, estão membros dos cartéis Jalisco Nova Geração (CJNG) e Sinaloa, duas das organizações mais poderosas do tráfico de drogas no país.

A transferência ocorreu em meio a pressões do presidente americano, Donald Trump, para que o México detenha o contrabando de drogas para os Estados Unidos, especialmente do letal fentanil, sob a ameaça de impor tarifas aduaneiras elevadas.

"Esta ação foi realizada como uma medida para impedir que eles continuassem ordenando sequestros, extorsões, homicídios e outros crimes da prisão", disse, durante coletiva de imprensa, o secretário (ministro) de Segurança, Omar García Harfuch.

O funcionário acrescentou que estas pessoas operavam dessa forma graças às visitas que recebiam na prisão, que não podiam ser proibidas.

"Essas interações eram aproveitadas para manter operações criminosas, ameaças a funcionários e estender redes de corrupção e intimidação, o que representava um risco inaceitável para a segurança", afirmou o secretário.

Entre os supostos chefões enviados aos Estados Unidos está Abigael González Valencia, líder de "Los Cuinis", considerado o braço financeiro do CJNG e cunhado do líder do grupo criminoso, Nemesio Oseguera ("El Mencho").

Outro enviado aos EUA é Servando Gómez Martínez, apelidado de "La Tuta", que foi um dos chefes de La Família Michoacana e Los Caballeros Templários. Ele é acusado de promover uma escalada de violência e a crueldade com que agem os narcotraficantes.

- "Pela segurança do México" -

Harfuch também disse que vários dos supostos criminosos estavam realizando trâmites para serem transferidos a presídios estaduais menos vigiados e que havia o risco de que alguns deles obtivessem sua "liberdade antecipada".

Em fevereiro, o México já havia entregue 29 de seus mais notórios chefes do narcotráfico, entre eles o veterano Rafael Caro Quintero, acusado pelo homicídio do agente da DEA Enrique "Kiki" Camarena" em 1985.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, reafirmou, na manhã desta quarta-feira, que a entrega dos detentos aos Estados Unidos foi feita "pela segurança do México".

"São decisões soberanas", acrescentou Sheinbaum em sua habitual coletiva de imprensa matinal.

"Não tem a ver com um pedido (dos Estados Unidos), embora em muitos deles haja pedidos" de extradição, afirmou.

A mandatária disse que a entrega também não está relacionada com um acordo de segurança que seu governo está negociando com os Estados Unidos.

Em fevereiro, Washington designou os principais cartéis mexicanos como organizações terroristas.

- Toneladas de drogas -

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou, na terça-feira, os 26 supostos criminosos de terem introduzido neste país "toneladas de drogas perigosas, como cocaína, metanfetaminas, fentanil e heroína".

A entrega ocorreu após reportagens jornalísticas, na semana passada, segundo as quais Trump ordenou a atuação do Exército americano na luta contra os cartéis das drogas. O governo mexicano disse, então, que "não aceitaria a participação de forças militares americanas" em seu território.

Nesta quarta-feira, foi reportado o sobrevoo de um drone americano em uma localidade do estado do México (centro). A esse respeito, Harfuch mencionou que esses aparelhos voam a pedido do governo mexicano.

"Eles voam, especificamente, em apoio e colaboração às investigações que temos", disse.

Os 26 presos foram entregues aos EUA sob um procedimento jurídico abreviado, que exclui instâncias previstas em casos de extradição.

O governo de Sheinbaum justifica esse tipo de medida, apontando que alguns narcotraficantes recuperam a liberdade com a ajuda de juízes corruptos.

R.Vandevelde--JdB