Journal De Bruxelles - Novo protesto de motoristas contra extorsão e assassinatos em Lima

Novo protesto de motoristas contra extorsão e assassinatos em Lima
Novo protesto de motoristas contra extorsão e assassinatos em Lima / foto: Raúl Arboleda - AFP/Arquivos

Novo protesto de motoristas contra extorsão e assassinatos em Lima

A maioria das empresas de transporte de Lima realizou uma paralisação, nesta terça-feira (4), em protesto contra a extorsão do crime organizado e os assassinatos de motoristas, que levaram o governo a declarar estado de emergência.

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Os motoristas desligaram os motores em vários distritos da capital peruana, após o assassinato de dois condutores na semana passada.

"A paralisação se deve à morte de dois motoristas e aos ataques a empresas que continuam sendo extorquidas", disse à AFP o presidente da Associação Nacional de Motoristas, Miguel Palomino.

Sob forte esquema policial, os manifestantes bloquearam com ônibus várias ruas importantes.

Os motoristas colocaram cartazes em seus veículos com mensagens de repúdio às quadrilhas criminosas.

"Unidos contra a extorsão, chega de mortos", lia-se nos para-brisas, onde também havia fitas pretas e fotos de motoristas assassinados.

A crise de segurança levou à destituição da presidente Dina Boluarte em 10 de outubro.

Seu sucessor, José Jerí, decretou a medida de exceção em 22 de outubro e enviou militares às ruas para reforçar o controle policial.

Em uma reunião com motoristas, Jerí prometeu "uma estratégia muito mais contundente" e falou de um "contra-ataque planejado" após o monitoramento de gangues criminosas e a identificação de suas localizações.

Em Lima, houve ao menos 102 homicídios relacionados à extorsão em 2024. Mototaxistas e motoristas foram as principais vítimas, segundo o Indaga, observatório vinculado ao Ministério da Justiça.

Organizações criminosas como Los Pulpos, La Jauría, Los Injertos del Norte e o Tren de Aragua, de origem venezuelana, exigem pagamentos de até 50.000 soles (cerca de 80 mil reais) mensais das empresas de transporte, segundo denúncias de seus dirigentes.

Quando estas se recusam a pagar, os criminosos atiram nos veículos, inclusive com passageiros dentro.

Pelo menos 50 motoristas foram assassinados entre janeiro e outubro, segundo a Anitra, principal entidade do setor, que reúne 460 empresas em Lima e no vizinho porto de Callao.

Entre janeiro e setembro, o país registrou 20.705 denúncias de extorsão, um aumento de 28,8% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 16.075 casos, segundo a polícia.

W.Baert --JdB