Journal De Bruxelles - Três pontos do escândalo de corrupção que atinge irmã de Milei na Argentina

Três pontos do escândalo de corrupção que atinge irmã de Milei na Argentina
Três pontos do escândalo de corrupção que atinge irmã de Milei na Argentina / foto: JUAN MABROMATA - AFP

Três pontos do escândalo de corrupção que atinge irmã de Milei na Argentina

Um escândalo de corrupção abala o governo argentino após a divulgação de áudios que relacionam Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei, a uma suposta cobrança de subornos na compra de medicamentos destinados a pessoas com deficiência.

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A suposta trama de corrupção, que está sendo investigada pela Justiça e na qual, por enquanto, não há acusados, é especialmente sensível porque menciona a secretária da Presidência e braço direito do mandatário argentino, que sempre se refere a ela como "O Chefe".

Aqui estão três pontos principais do escândalo que mantém os argentinos em suspense em plena campanha eleitoral para as eleições legislativas provinciais e nacionais:

- O que está sendo investigado -

Nos áudios vazados, Karina Milei é acusada de supostamente cobrar 3% do montante pago pela Agência Nacional de Deficiência (Andis) à drogaria Suizo Argentina para a compra de medicamentos.

A investigação começou após a divulgação, a partir de 19 de agosto, de vários áudios atribuídos ao então diretor da Andis, Diego Spagnuolo.

"A Karina recebe 3% e 1% vai para a operação", diz a voz atribuída ao ex-funcionário, que afirma ter avisado ao presidente sobre a suposta trama da irmã.

"Eles levam de meio milhão para cima por mês", prossegue a voz. A expressão refere-se a cerca de meio milhão de dólares (2,7 milhões de reais).

O governo removeu Spagnuolo de seu cargo na madrugada desta quinta-feira "diante dos fatos de conhecimento público".

No suposto esquema de subornos também está Eduardo "Lule" Menem, braço direito de Karina Milei e sobrinho do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999).

O juiz federal Sebastián Casanello ordenou na sexta-feira 16 buscas, incluindo o domicílio de um dos donos da drogaria, Jonathan Kovalivker, que dirige a empresa junto com seu irmão Emmanuel. Este último foi encontrado pela polícia ao tentar fugir com 266.000 dólares (1,44 milhão de reais) distribuídos em envelopes.

- O que diz o governo -

Karina Milei não reagiu publicamente ao escândalo que domina a agenda jornalística e faz explodir as redes sociais com inúmeros memes.

Na quarta-feira, o presidente referiu-se pela primeira vez aos áudios e confirmou que pertenciam a Spagnuolo: "Tudo o que ele diz é mentira, vamos levá-lo à Justiça e provar que mentiu", disse a jornalistas.

A declaração aconteceu durante uma caravana de campanha que Milei teve que se retirar minutos depois, após manifestantes jogarem pedras na van em que circulava.

A Secretaria de Comunicação da Presidência acusou no X uma "utilização política da oposição em ano eleitoral", referindo-se às eleições legislativas nacionais de 26 de outubro.

As eleições renovarão parcialmente a composição do Congresso e testarão a popularidade de Milei após ter conseguido controlar a inflação, mas a um alto custo para a população devido ao severo corte de gastos públicos, incluindo o setor destinado às pessoas com deficiência.

Em setembro, também haverá eleições legislativas locais na província de Buenos Aires, a mais importante eleitoralmente do país, com 37% do eleitorado nacional.

- Repercussões -

Os mercados expressaram sua preocupação ao governo sobre este tema: a bolsa de Buenos Aires recuou nos últimos dias, o peso está sob pressão em relação ao dólar e o risco país (que mede o custo para o governo se endividar em moeda estrangeira) subiu consideravelmente.

O escândalo ocorre depois que o Congresso anulou um veto de Milei a uma lei que declara a Emergência em Deficiência e destina mais fundos para o setor, um golpe político para o presidente e sua anunciada motosserra que corta os gastos públicos.

A drogaria Suizo Argentina afirmou em um comunicado ter agido "com total cumprimento das normas e leis vigentes" e estar "em conformidade com a lei e inteiramente à disposição dos órgãos de fiscalização, assim como qualquer poder do Estado". O texto foi republicado por Javier Milei em sua conta no Instagram.

Os irmãos Kovalivker não fizeram declarações, mas a imprensa informou que entregaram seus celulares à Justiça.

H.Dierckx--JdB