Journal De Bruxelles - Suprema Corte dos EUA ratifica lei que proíbe transição de gênero para menores

Suprema Corte dos EUA ratifica lei que proíbe transição de gênero para menores
Suprema Corte dos EUA ratifica lei que proíbe transição de gênero para menores / foto: Tierney L CROSS - GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/Arquivos

Suprema Corte dos EUA ratifica lei que proíbe transição de gênero para menores

A Suprema Corte dos Estados Unidos confirmou, nesta quarta-feira (18), uma lei estadual que proíbe menores de acessar tratamentos de transição de gênero, tema que gera controvérsias no país.

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Vinte estados governados por republicanos promulgaram leis que restringem a assistência médica a jovens transgênero.

Por seis votos a três, a Suprema Corte confirmou a legislação do Tennessee que proíbe tratamentos hormonais, bloqueadores de puberdade e cirurgia de transição de gênero para menores de 18 anos.

"O papel da Corte não é 'julgar a sabedoria, a justiça ou a lógica' (da lei), mas apenas garantir que a lei não viole as garantias de proteção igualitária", escreveu o presidente da Corte, John Roberts.

"Não o faz" porque as questões relacionadas à política "são, portanto, devidamente deixadas a cargo do povo, de seus representantes eleitos e do processo democrático", acrescentou.

A Suprema Corte ouviu os argumentos em dezembro. O Departamento da Justiça, sob o então presidente democrata Joe Biden, juntou-se aos críticos da lei do Tennessee, argumentando que ela viola a cláusula de igualdade da Constituição ao negar às pessoas transgênero o acesso a tratamentos médicos concedidos a outras.

Seu sucessor, o republicano Donald Trump, assinou um decreto que restringe os procedimentos de transição de gênero para menores.

Embora não exista uma lei nacional nos Estados Unidos contra tratamentos médicos de gênero para jovens trans, a ordem de Trump encerrou qualquer apoio federal a tais procedimentos.

- "Proteger os menores" -

Durante as argumentações orais em dezembro, o procurador-geral do Tennessee, Matthew Rice, afirmou ao tribunal que a lei foi aprovada para "proteger menores de intervenções médicas arriscadas e não comprovadas", com "consequências frequentemente irreversíveis e que alteram vidas".

Chase Strangio, advogado da poderosa União Americana pelas Liberdades Civis, que representa três adolescentes transgênero, seus pais e uma ginecologista de Memphis, rebateu dizendo que a lei do Tennessee "eliminou o único tratamento que aliviou anos de sofrimento" para os demandantes.

"O que eles fizeram foi impor uma proibição desajeitada, anulando o julgamento cuidadoso de pais que amam e cuidam de seus filhos e dos médicos que recomendaram o tratamento", disse Strangio, o primeiro advogado abertamente transgênero a argumentar perante a Suprema Corte.

Em seu discurso de posse, Trump afirmou que seu governo reconheceria apenas dois gêneros, masculino e feminino, e assinou um decreto em 28 de janeiro restringindo os procedimentos de transição de gênero para menores.

"Em todo o país, profissionais médicos estão mutilando e esterilizando um número cada vez maior de crianças", diz o decreto.

"Essa tendência perigosa será uma mancha na história da nossa nação e precisa acabar", acrescenta.

Os bloqueadores da puberdade são usados em adolescentes que consideram a transição de gênero para retardar o início de mudanças físicas indesejadas.

Seus defensores argumentam que o processo pode salvar a vida de crianças que sofrem de disforia de gênero.

S.Lambert--JdB