Journal De Bruxelles - Rússia cita 'processo sério' em andamento para encerrar guerra na Ucrânia

Rússia cita 'processo sério' em andamento para encerrar guerra na Ucrânia
Rússia cita 'processo sério' em andamento para encerrar guerra na Ucrânia / foto: Roman Pilipey - AFP

Rússia cita 'processo sério' em andamento para encerrar guerra na Ucrânia

A Rússia qualificou, nesta quarta-feira (26), como um "processo sério" os esforços diplomáticos em curso em torno do plano dos Estados Unidos para pôr fim à guerra na Ucrânia, antes da visita prevista para a próxima semana a Moscou do enviado americano Steve Witkoff.

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O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que não há "atualmente nada mais importante" que o "processo sério" em andamento, embora tenha alertado que ainda é "muito cedo" para saber se o possível fim do conflito, iniciado em fevereiro de 2022, está próximo.

No último fim de semana, representantes de Washington, Kiev e seus aliados europeus se reuniram em Genebra para discutir o controverso plano inicial de 28 pontos apresentado pelos Estados Unidos, considerado muito favorável a Moscou.

O secretário do Exército americano, Dan Driscoll, também se reuniu na segunda e terça-feira com representantes russos em Abu Dhabi.

A Rússia indicou nesta quarta que "alguns pontos" do plano americano poderiam "ser considerados positivos". "Mas muitos outros requerem um debate específico entre especialistas", comentou o assessor diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, na televisão pública russa.

Ushakov assegurou que Moscou ainda não havia discutido "em detalhe com ninguém" e considerou "inúteis" os esforços dos europeus para desempenhar um papel na resolução do conflito.

A Rússia, que reconheceu ter abordado com Washington "em linhas gerais" a versão original do plano apoiado pelo presidente americano, Donald Trump, manteve-se à margem das negociações que levaram a uma última versão reelaborada pela Ucrânia.

Um alto funcionário ucraniano próximo às negociações disse à AFP que o novo rascunho permite a Kiev manter um exército de 800 mil soldados, em vez de 600 mil.

- "Acordos mais profundos" -

Trump anunciou inicialmente que a Ucrânia teria que aprovar seu plano até quinta-feira, Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos.

Enquanto Kiev impulsiona a organização nesta semana de uma visita do presidente Volodimir Zelensky aos Estados Unidos para negociar com o magnata republicano, o emissário Witkoff tem prevista uma viagem a Moscou na próxima semana, visita confirmada pelo Kremlin.

Para Zelensky, os "princípios" de um plano americano revisado para pôr fim à guerra com a Rússia poderiam conduzir a "acordos mais profundos".

No entanto, "muito depende dos Estados Unidos, porque a Rússia presta muita atenção à força americana", disse em seu discurso diário de terça-feira.

Também qualificou como "especialmente cínico" que Moscou continue atacando seu país enquanto as negociações estão sendo realizadas.

O conflito, que começou com a ofensiva russa na Ucrânia em 2022, continua. A Rússia lança regularmente centenas de drones e mísseis sobre a Ucrânia, visando especialmente as infraestruturas energéticas do país, diante da chegada do inverno.

Segundo os serviços de emergência ucranianos, a cidade de Zaporizhzhia, no sul do país, sofreu um grande ataque russo durante a madrugada desta quarta.

Pelo menos 19 civis ficaram feridos, de acordo com o último balanço do mediador ucraniano para os direitos humanos, Dmitro Lubinets.

Na terça-feira, um ataque na capital, Kiev, deixou pelo menos sete mortos.

- "Pressão" -

Os europeus, que tentam recuperar as rédeas após a surpresa de um plano americano elaborado sem sua participação, insistiram na necessidade de "manter a pressão sobre a Rússia até que se alcance uma paz justa e duradoura".

"E quero ser muito clara: a Europa estará ao lado da Ucrânia e a apoiará em cada passo", garantiu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O Exército russo ocupa cerca de um quinto da Ucrânia, que foi devastada em grande parte pelos combates. Dezenas de milhares de civis e militares morreram e milhões fugiram do leste do país.

Na linha de frente, as dificuldades se multiplicam para o Exército ucraniano, inferior em número e pior equipado que as forças russas.

As tropas ucranianas lutam pelas últimas fortalezas do Donbass, uma região industrial e mineradora do leste cuja conquista o Kremlin estabeleceu como objetivo prioritário.

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E.Goossens--JdB