Ataques no Afeganistão atribuídos ao Paquistão deixam pelo menos 10 mortos
Ao menos nove crianças e uma mulher morreram na madrugada desta terça-feira (25) em ataques no Afeganistão, informou o governo talibã, apontando para o Paquistão, que nega a acusação.
As relações entre esses dois países, muito instáveis desde o retorno ao poder dos talibãs no Afeganistão em 2021, deterioraram-se recentemente, após reclamações do Paquistão pelo aumento dos ataques contra suas forças e pela expulsão de afegãos de seu território.
Após um confronto armado incomum em outubro, os dois países concordaram com uma trégua frágil, cujos termos não conseguiram definir apesar de várias rodadas de negociações, bloqueadas justamente por questões de segurança.
Na província de Khost, "as forças paquistanesas bombardearam a casa de um civil" por volta da meia-noite, e "nove crianças (cinco meninos e quatro meninas) e uma mulher morreram", escreveu o porta-voz do governo, Zabihullah Mujahid, na rede social X.
Na zona de Jige Mughalgai, muito perto da fronteira, um correspondente da AFP viu os habitantes vasculhando os escombros de uma casa destruída e cavando sepulturas.
"O que pedimos ao governo do Paquistão foi: não ataquem as pessoas comuns. Os civis não fizeram nada de errado", declarou Sajidulrahman, um morador da região.
O porta-voz informou sobre outros ataques nas regiões fronteiriças de Kunar e Paktika, que deixaram quatro feridos.
O Afeganistão "responderá de forma adequada no momento oportuno", declarou Mujahid em um comunicado separado.
O exército paquistanês negou ter atacado seu vizinho. "Sempre que realizamos um ataque, assumimos a responsabilidade", afirmou o porta-voz Ahmed Chaudhry à emissora estatal PTV, classificando como "infundadas" as acusações do governo afegão.
O caso ocorreu após pelo menos três pessoas terem morrido no dia anterior em um ataque suicida contra o quartel-general das forças de segurança paquistanesas em uma província na fronteira com o Afeganistão, que não foi reivindicado.
Em 11 de novembro, um ataque diante de um tribunal de Islamabad deixou 12 mortos e dezenas de feridos. A autoria foi reivindicada pelos talibãs paquistaneses, da mesma ideologia dos que retomaram o poder no Afeganistão em 2021.
O Paquistão acusou uma "célula terrorista", que segundo Islamabad teria sido "dirigida e guiada em cada etapa pelo alto comando com base no Afeganistão".
M.F.Schmitz--JdB