

Fed reduz juros pela primeira vez em 2025 com enfraquecimento do emprego nos EUA
O Federal Reserve (Fed, banco central) dos Estados Unidos reduziu suas taxas de juros de referência nesta quarta-feira (17), pela primeira vez neste ano, em um quarto de ponto percentual, como se esperava, devido a um mercado de trabalho mais fraco.
O banco central americano reduziu a taxa de juros de referência para o intervalo entre 4% e 4,25%, e prevê mais dois cortes ainda este ano.
O presidente do Fed, Jerome Powell, ressaltou que a instituição segue "firmemente comprometida" com a manutenção de sua independência da política quando, em entrevista coletiva, foi questionado sobre a incorporação ao órgão decisório de política monetária de um assessor econômico do presidente Donald Trump.
Apenas o novo governador Stephen Miran, cuja indicação foi promovida por Trump, votou contra a decisão e buscou uma redução maior da taxa. Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, o presidente americano tem pressionado o Fed por uma redução dos juros.
Powell afirmou que o banco central tinha "razão ao esperar e observar como evoluíam as tarifas, a inflação e o mercado de trabalho" antes de reduzir as taxas pela primeira vez em nove meses.
Juros mais baixos barateiam o crédito e fomentam assim o consumo e os investimentos. Mas, por isso mesmo, também podem empurrar os preços para cima.
- Otimismo -
O comitê monetário do banco central mostrou-se mais otimista em relação ao crescimento da economia americana, que prevê em 1,6% neste ano, frente aos 1,4% que projetava em junho.
Não fez mudanças quanto às suas expectativas de desemprego e inflação.
A decisão do Fed ocorreu após meses de fortes pressões de Trump para que reduzisse os juros e em um contexto de crescente preocupação pela pressão política sobre o banco central, uma instituição independente.
Uma pequena maioria dos integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed é favorável a pelo menos dois cortes adicionais este ano.
- Pressão sobre o emprego -
O FOMC, composto por 12 membros encarregados de estabelecer as taxas de juros, está passando por uma série de turbulências.
Embora Trump tenha deixado de ameaçar destituir o presidente do Fed, Jerome Powell, o mandatário agora quer a demissão da governadora do FOMC Lisa Cook por uma acusação de fraude hipotecária.
O Federal Reserve costuma manter as taxas de juros em um nível alto para controlar a inflação de forma sustentável. Seu outro mandato é alcançar o pleno emprego.
E desta vez prevaleceram as preocupações com mercado de trabalho, apesar de a inflação se manter acima de 2%.
De fato, o Fed afirmou em um comunicado que "os riscos para o emprego aumentaram", mesmo que a inflação "tenha subido e se mantenha de algum modo elevada".
A instituição assinalou que a criação de postos de trabalho desacelerou e a taxa de desemprego aumentou, embora "se mantenha baixa".
Segundo dados publicados na semana passada, o índice de preços ao consumidor — indicador-chave para a inflação — subiu a 2,9% em agosto, o valor mais alto desde o início do ano.
X.Maes--JdB