Journal De Bruxelles - Ofensiva de Israel na Cidade de Gaza encontra resistência de alguns reservistas

Ofensiva de Israel na Cidade de Gaza encontra resistência de alguns reservistas
Ofensiva de Israel na Cidade de Gaza encontra resistência de alguns reservistas / foto: Jack GUEZ - AFP

Ofensiva de Israel na Cidade de Gaza encontra resistência de alguns reservistas

O reservista Natan Ruchansky esteve por três meses no Líbano durante a guerra de Israel contra o Hezbollah. Agora, foi convocado novamente para ser enviado a Gaza, mas recusou, alegando objeção de consciência.

Tamanho do texto:

O diretor de cinema, de 36 anos, e pai de dois filhos foi chamado para comparecer a uma comissão disciplinar militar na quinta-feira, removido de seu batalhão e dispensado de suas funções de combate.

Ele é um dos reservistas que se opõem às ofensivas de Israel em Gaza, uma pequena minoria cada vez mais ouvida.

"Estamos vendo o absurdo dos danos internacionais que isso causa, danos econômicos, danos mentais e físicos em muitos dos nossos amigos reservistas e recrutas regulares", disse Ruchansky à AFP.

E embora servir faça parte de sua "identidade", o cineasta afirma que os quase dois anos de guerra em Gaza "não têm nada a ver com defender nosso território", cuja segurança representa a maior importância para ele.

Israel intensificou suas operações na Cidade de Gaza, a maior localidade do território palestino, apesar da pressão a nível nacional e internacional para que cesse sua campanha.

Segundo a imprensa israelense, cerca de 40.000 reservistas foram mobilizados na primeira convocação. Os comandantes frequentemente aceitam que os reservistas se retirem devido ao impacto dos combates em sua saúde, suas famílias e seu sustento. Mas são poucos os casos de objeção de consciência. Algumas vezes, podem resultar em penas de prisão.

Ruchansky é um dos "Soldados pelos Reféns", grupo de 400 membros formado em maio de 2024 devido à preocupação com os reféns em Rafah, no sul da Faixa, após as forças israelenses invadirem a área.

- "Senso de dever" -

O grupo realizou seu primeiro evento público em Tel Aviv nesta terça-feira, pedindo a reservistas e soldados ativos que não obedeçam às ordens de recrutamento.

"Como veteranos [do Exército] que serviram nesta guerra e que se preocupam com o futuro do nosso país, é nosso dever patriótico nos recusar a participar desta guerra", declarou Max Kresch, sargento e médico de combate, em coletiva de imprensa.

O grupo decidiu levar sua mobilização além das redes sociais em resposta ao anúncio da ofensiva na Cidade de Gaza.

"Somos os mesmos reservistas e soldados que largaram tudo no dia 7 de outubro e correram para a linha de frente", disse Kresch, em alusão ao ataque liderado pelo Hamas em 2023, que desencadeou a guerra em Gaza.

"É precisamente esse mesmo senso de dever que nos leva a recusar e a erguer nossa voz para resistir às tentativas de [primeiro-ministro Benjamin] Netanyahu de sacrificar tudo por sua própria sobrevivência política", acrescentou.

Os ativistas sabem que não são muitos, mas afirmam que seu objetivo, por enquanto, é alcançar soldados que se questionam se continuar a guerra faz sentido.

"Não medimos nosso impacto por quantos somos", afirmou Shaked Rogel, membro do movimento, "mas pelo fato de estarmos dando voz a soldados que, de outra forma, se sentiriam completamente sozinhos".

O grupo estabeleceu uma linha telefônica para apoiar militares que considerem recusar a convocação. Recentemente, outro grupo foi formado, "Reservistas para acabar com a guerra", que recolheu assinaturas pelo fim da ofensiva na Cidade de Gaza.

No sábado, em Tel Aviv, um de seus membros, Dan Gavrieli, pediu a transeuntes, com um megafone em mãos, que assinassem o documento, que também exige o retorno dos reféns.

"Caros reservistas, é hora de assinar! Assinem nossa petição!", exclamava.

"Medidas políticas são necessárias agora para que o preço que pagamos se traduza em uma mudança real", afirma a petição. "É exatamente por isso que fomos lutar".

R.Vandevelde--JdB