

Netanyahu diz que Israel deve derrotar o Hamas em Gaza para libertar os reféns
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou, nesta terça-feira (5), que seu Exército deve "derrotar totalmente" o Hamas para conseguir a libertação dos reféns antes de uma reunião de seu gabinete de segurança para preparar uma nova fase da guerra.
"É necessário derrotar totalmente o inimigo em Gaza, libertar todos os nossos reféns e garantir que Gaza não constitua mais uma ameaça para Israel. Não abandonamos nenhuma dessas missões", afirmou Netanyahu durante uma visita a uma base militar, segundo um comunicado de seu gabinete.
Segundo veículos de comunicação, Netanyahu fez essas declarações antes de uma reunião com os ministros da Defesa e de Assuntos Estratégicos, além do chefe do Estado-Maior do Exército israelense.
A reunião do gabinete, anunciada pela imprensa, mas que não teve a organização confirmada oficialmente até o momento, coincidirá com uma sessão da ONU dedicada à questão dos reféns israelenses na Faixa de Gaza, solicitada por Israel, que deseja que o tema ocupe o "centro da agenda mundial".
Citando fontes do governo que falaram sob a condição do anonimato, a mídia israelense reportou que "Netanyahu quer que o Exército de Israel conquiste toda a Faixa de Gaza", indicou a rádio pública Kan.
Vários membros do gabinete que conversaram com o primeiro-ministro "confirmaram que ele decidiu ampliar o combate para as áreas onde os reféns podem estar retidos", segundo a emissora.
- "Todas as medidas necessárias" -
Israel deve tomar "todas as medidas necessárias para derrotar o Hamas" na Faixa de Gaza, declarou o ministro da Defesa, Israel Katz.
Assim como outros veículos de comunicação, o jornal Maariv destacou que esta decisão pode significar que o Exército "começará a combater em áreas" que evitou nos últimos meses "por receio de afetar os reféns, incluindo os campos de refugiados no centro da Faixa de Gaza".
A mídia especula sobre uma possível oposição do chefe do Estado-Maior do Exército, o tenente-general Eyal Zamir.
Em guerra contra o Hamas desde o ataque do movimento islamista palestino em seu território, em 7 de outubro de 2023, o governo israelense enfrenta uma pressão crescente para encontrar uma solução para o conflito.
Netanyahu sofre uma pressão dupla: em Israel pela situação dos 49 reféns capturados em 7 de outubro que continuam em cativeiro, dos quais 27 teriam morrido, segundo o Exército; e no restante do mundo pelo sofrimento dos mais de dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, devastada e ameaçada pela "fome generalizada", segundo a ONU.
"A bola está no campo do ocupante (Israel) e dos americanos", comentou um líder político do Hamas, Hosam Badran, afirmando a vontade do movimento de "parar com a guerra e acabar com a fome".
"Os mediadores continuam em contato conosco, mas até agora não há novas propostas, ideias, nem avanços em relação à retomada das negociações", acrescentou em declarações à AFP, assegurando que seu movimento está "disposto a retomar os diálogos de onde foram interrompidos", após fracassarem em julho.
No terreno, a Defesa Civil reportou 26 mortos desde as primeiras horas da manhã em bombardeios e ataques israelenses.
"Não há lugar seguro em Gaza, todos estamos expostos à morte", declarou Adham Mohammad Younes, um palestino de cerca de trinta anos.
- Entrada de mercadorias -
Na manhã desta terça-feira, o Cogat, órgão do Ministério da Defesa que supervisiona os assuntos civis nos territórios palestinos, voltou a autorizar a entrada parcial de mercadorias privadas no território, de forma "controlada e progressiva".
"O objetivo é aumentar o volume de ajuda que entra na Faixa de Gaza e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência da assistência por parte da ONU e das organizações internacionais", afirmou o Cogat.
Um "número limitado de comerciantes locais" poderá enviar a Gaza "produtos alimentícios básicos, alimentos para bebês, frutas e verduras e itens de higiene", explicou o organismo.
O objetivo continua sendo "adotar todas as medidas possíveis para impedir o envolvimento do Hamas no fornecimento e distribuição da ajuda", segundo o Cogat.
Israel impôs um bloqueio total a Gaza no dia 2 de março e suspendeu a medida parcialmente em maio, autorizando apenas a entrada de quantidades muito limitadas, consideradas insuficientes pela ONU.
Segundo o Cogat, mais de 300 caminhões de ajuda entraram em Gaza na segunda-feira. A ONU estima que pelo menos o dobro seja necessário.
O ataque de 7 de outubro de 2023 causou a morte, em Israel, de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Em Gaza, a ofensiva de resposta de Israel matou mais de 60.900 pessoas, também em sua maioria civis, segundo os números do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007. A ONU considera estes dados confiáveis.
S.Lambert--JdB