Journal De Bruxelles - EUA veta na ONU resolução que pedia cessar-fogo em Gaza

EUA veta na ONU resolução que pedia cessar-fogo em Gaza
EUA veta na ONU resolução que pedia cessar-fogo em Gaza / foto: CHARLY TRIBALLEAU - AFP

EUA veta na ONU resolução que pedia cessar-fogo em Gaza

Os Estados Unidos vetaram novamente nesta quarta-feira= (4), no Conselho de Segurança da ONU, uma resolução que pedia o cessar-fogo e o acesso da ajuda humanitária em Gaza, em um momento em que Israel está sob uma crescente pressão internacional.

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O projeto, apresentado pelos dez membros não permanentes do Conselho, recebeu 14 votos a favor e apenas o dos Estados Unidos — um dos cinco membros permanentes com direito a veto — contra, sendo este o primeiro veto da administração de Donald Trump.

Esse texto, "inaceitável pelo que diz e inaceitável pelo que não diz, minaria os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo que reflita a realidade no terreno, e encorajaria o Hamas", explicou a embaixadora americana interina na ONU, Dorothy Shea, pouco antes da votação.

O projeto de resolução rejeitado "exigia um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente" e a libertação incondicional dos reféns em poder do movimento islamista palestino Hamas, capturados no ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, que desencadeou a guerra em Gaza.

Diante da "catastrófica situação humanitária" no território palestino, o texto também pedia o "levantamento imediato e incondicional de todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza e sua distribuição segura e irrestrita em larga escala" pelas Nações Unidas.

O Conselho não conseguiu chegar a um acordo desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, devido ao veto dos Estados Unidos, mas também da Rússia e da China.

A última vez em que se tentou romper o silêncio foi em novembro, sob a administração do democrata Joe Biden, que bloqueou um texto que pedia um cessar-fogo em Gaza.

- "Julgados pela história" -

Após mais de dois meses e meio de bloqueio, Israel começou a permitir desde 19 de maio a entrada em Gaza de um número limitado de caminhões da ONU — um volume que, para a organização, é apenas "uma gota no oceano" frente às necessidades de alimentos, medicamentos e produtos básicos da população do território palestino.

Ao mesmo tempo, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), uma organização de financiamento opaco apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, estabeleceu centros de distribuição de ajuda que a ONU denunciou como contrários aos princípios humanitários.

Nos últimos dias, dezenas de mortes foram registradas nas proximidades desses centros, classificados pelas Nações Unidas como "armadilhas mortais", já que palestinos famintos são obrigados a caminhar "entre cercas de arame farpado", cercados por guardas privados armados.

"Não podem testemunhar a indignação no Conselho de Segurança (...) e aceitar a paralisia, devem agir", suplicou na terça-feira o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, referindo-se em particular ao impactante discurso do chefe de assuntos humanitários da ONU, Tom Fletcher, que pediu a prevenção de um "genocídio" em Gaza.

"Todos seremos julgados pela história pelo que tivermos feito para deter esse crime contra o povo palestino", advertiu.

Em caso de veto, a pressão "recairá sobre aqueles que impedem que o Conselho de Segurança assuma suas responsabilidades", insistiu o embaixador.

Para o representante de Israel na ONU, Danny Danon, a resolução rejeitada "era um presente para o Hamas e ameaçava encorajar o terrorismo".

Israel enfrenta uma crescente pressão internacional para pôr fim à guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 2023 que causou a morte de 1.218 pessoas em território israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.

Dos 251 sequestrados durante o ataque, 57 continuam em cativeiro em Gaza, dos quais ao menos 34 morreram, segundo Israel.

A campanha militar israelense de retaliação já deixou até o momento mais de 54.607 palestinos mortos, em sua maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.

G.Lenaerts --JdB