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O presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se com o primeiro-ministro canadense nesta sexta-feira (31) para tentar amenizar as tensões nas relações comerciais entre os dois países, durante a cúpula da Apec, onde o presidente chileno, Gabriel Boric, defendeu o "multilateralismo".
As relações entre Pequim e Ottawa esfriaram em 2018, após a prisão, no Canadá, de uma executiva do grupo tecnológico chinês Huawei e a detenção, por Pequim, de dois canadenses acusados de espionagem.
Além disso, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anunciou em julho uma tarifa adicional de 25% sobre as importações de aço chinês, enquanto a China impôs uma tarifa temporária de 75,8% sobre a canola norte-americana.
As primeiras conversas formais entre os líderes da China e do Canadá desde 2017 ocorreram nesta sexta-feira na cidade sul-coreana de Gyeongju, que sedia a cúpula da Apec.
Durante a conversa, Xi disse a Carney que a relação bilateral "tem mostrado sinais de recuperação" e o convidou a visitar a China, oferta que o líder canadense acolheu como uma oportunidade para "continuar o diálogo".
Na Apec, todas as atenções estão voltadas para a agenda de Xi após a partida, no dia anterior, do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que deixou a Coreia do Sul imediatamente após uma reunião muito aguardada entre ambos.
Durante o encontro, os líderes das duas maiores economias do mundo concordaram em reduzir algumas tarifas americanas contra a China em troca da suspensão, por Pequim, das restrições a elementos de terras raras vitais e que aumente as compras de soja americana.
- "Dois elefantes na sala" -
Cerca de vinte países participam desta cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que se estende até sábado, incluindo Chile, México e Peru.
O único presidente latino-americano presente no encontro, o chileno Boric, discursou para seus homólogos nesta sexta-feira em defesa do multilateralismo em meio à esperança de que a disputa comercial entre Pequim e Washington tenha diminuído.
"Nesta Apec, as economias aqui presentes são firmemente a favor do multilateralismo, não contra um país, não contra uma medida específica", declarou, em meio ao que denunciou como tensões geopolíticas globais.
Em um fórum empresarial posterior, ele afirmou: "Temos dois elefantes na sala: a guerra e o protecionismo".
"Quando as regras do jogo são alteradas abruptamente, sem respeitar os acordos comerciais ou as regras que estabelecemos conjunta e voluntariamente, a confiança é corroída", concluiu.
Ele também afirmou que "a paz é disruptiva", mas que devemos "lutar por ela". "Pedimos respeito ao direito internacional, tanto no conflito no mundo árabe com o genocídio contra a Palestina perpetrado pelo governo israelense, quanto na invasão ilegítima da Ucrânia pela Rússia", acrescentou.
Horas antes, o presidente de esquerda, com uma forte agenda ambientalista, anunciou o início das negociações com a Nova Zelândia e Singapura para um Acordo de Parceria para uma Economia Verde, alertando que a crise climática "não espera".
Na mesma linha de defesa do livre comércio, o principal representante do México na cúpula, o secretário de Economia Marcelo Ebrard, propôs a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) durante uma reunião ministerial na quinta-feira.
"Conectar nossos países e economias exige regras e confiança", argumentou.
- A vez da China -
Em um discurso proferido nesta sexta-feira na cúpula, o presidente chinês, Xi Jinping, também defendeu a preservação do sistema de comércio internacional e das cadeias de suprimentos, que foram afetadas pela disputa comercial entre Pequim e Washington.
O líder chinês tem um encontro marcado com a nova primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, a primeira mulher a governar o arquipélago.
A líder conservadora, antes uma crítica ferrenha da China, moderou sua postura desde que assumiu o cargo.
No entanto, em seu primeiro discurso nesta sexta-feira, ela enfatizou que o desenvolvimento dos setores militares na China, Coreia do Norte e Rússia se tornou "motivo de grande preocupação".
A líder japonesa prometeu "reforçar fundamentalmente" as capacidades militares do país, aumentando o orçamento da defesa para 2% do PIB a partir do atual ano fiscal.
R.Vandevelde--JdB
 
                                 
                                 
                                